Archive for the ‘… de Opiniões’ category

Definição de avó

Outubro 2, 2006

  Uma Avó é uma mulher que não tem filhos, por isso gosta dos filhos dos outros. As Avós não têm nada para fazer, é só estarem ali. Quando nos levam a passear, andam devagar e não pisam as flores bonitas nem as lagartas. Nunca dizem “Despacha-te!”.Normalmente são gordas, mas mesmo assim conseguem apertar-nos os sapatos. Sabem sempre que a gente quer mais uma fatia de bolo ou uma fatia maior. As Avós usam óculos e às vezes até conseguem tirar os dentes. Quando nos contam historias, nunca saltam bocados e nunca se importam de contar a mesma história várias vezes.As Avós são as únicas pessoas grandes que têm sempre tempo. Não são tão fracas como dizem, apesar de morrerem mais vezes do que nós.

  Toda a gente deve fazer o possível por ter uma Avó, sobretudo se não tiver
televisão.”

 Artigo redigido por uma menina de 8 anos e publicado no Jornal do Cartaxo. Simplesmente uma delícia

INFÂNCIAS PERDIDAS!!!!!!!

Julho 28, 2006

O que dizer daquelas crianças que “perderam direitos adquiridos”, pelo nascimento de um irmão mais novo?
É do conhecimento geral que há crianças
que, embora permaneçam no seio familiar,vêem reduzido o afecto, a atenção, e todos os cuidados até então recebidos serem transferidos para um irmão mais novo.
Por outro lado, sabemos que há crianças que foram obrigadas a crescer rapidamente para cuidar dos irmãos mais novos, ou seja, não tiveram
nem viveram a sua própria infância.O que dizer acerca daquelas crianças,
às quais lhes foi negada a permanência
no seio familiar, após o nascimentos de um irmão mais novo, e de outro, e de outro.
Nestes casos, costuma-se camuflar a realidade com a falta de espaço,com a falta de tempo…Trata-se de situações menos comuns, mas muito graves em que a criança é brutalmente rejeitada, retirada do seu próprio lar, dos braços da mãe, para viver com um outro familiar.

Para os adultos resolveu-se um problema,
da forma mais cómoda, mais egoista.
Para a criança,que se vê rejeitada pela própria família , criou-se um problema
que a irá acompanhar pela vida fora.

Como é que estas crianças podem amar os próprios irmãos mais novos, que foram a causa directa do seu afastamento?
Como é que estas crianças vêem os
seu pais, principais autores da sua descriminação?

Trata-se de crianças educadas e acarinhadas por um familiar disponível, em geral sem filhos , que nunca conheceu os segredos e a magia da maternidade.
Estas crianças não recebem o afecto dos pais e ficam privados do convívio com os irmãos.
Brincam sozinhos.
Não dividem alegrias, nem tristezas.
Crescem sem conhecer a alegria da partilha.
Habituam-se a ser auto-suficientes,
e ao mesmo tempo egoistas.
Não conhecem o sentido da
generosidade.
Contam só com eles próprios!

Como será a relação irmão/irmão?
Como será a relação mãe/filho?
Como será a relação com outras crianças?
Como virá a ser a relação com os adultos?
E com a sociedade?

Claro que estas situações acontecem,
por egoismo dos adultos, que, impunemente, “despacham” o filho mais velho ,ficando, deste modo, mais libertos e disponíveis para se dedicarem aos
filhos mais novos.

Como é que crianças mal amadas, mal acarinhadas, podem, mais tarde, serem adultos emocionalmente equilibrados?
Como é que crianças que viram fugir o seu direito a serem acarinhadas pelos
próprios pais, podem, um dia, ser adultos carinhosos?

Estas separações forçadas poderão provocar danos irreversíveis e irreparáveis,
que se poderão estender pela vida fora…
Apesar disso, e, impunemente,estas situações continuam a acontecer.

Os sinais de revolta são evidentes:
Filhos que não se identificam com os pais.
Irmãos que não se reconhecem.
Famílias desagregadas, onde não existem elos de afectividade, nem outro tipo de ligação.

Então, temos adultos que não sabem amar…
que não conseguem acarinhar!
Temos adultos a dar exageradamente
o que nunca tiveram…
Temos adultos a não dar, porque nunca receberam…
Temos pais que nunca foram crianças…
Provavelmente, nunca saberão ser pais!!

Lila Loureiro,

Viana do Castelo

Viagens pela Internet

Outubro 31, 2005

Faz agora um ano que deixei de ser um trabalhador no activo pois no entender da minha médica devia descansar e, ainda, segunda ela, devia requerer a minha aposentação o que se acabou por se concretizar. É verdade que na minha actividade profissional e que se resumia á área do planeamento e programação, profissão essa que desenvolvia numa empresa de construção naval http://www.envc.pt/. era um trabalho extremamente exigente e cansativo do ponto de vista mental, pois lidar com cálculos matemáticos, planeamentos e programação numa área tão complexa como é a construção de um navio. Tanto mais que não tendo qualquer formação académica, o que só por si me obrigava a estudo e esforço redobrado.
Por não ser menos verdade também tenho que referir que, pesou mais nesta decisão o facto de trabalhar e descontar para a Segurança Social á mais de 42 anos e pelo meio ter prestado serviço militar em África
Neste último ano tenho dedicado bastante do meu tempo a estas viagens pelo mundo na Net, a que se convencionou chamar blogosfera. Primeiro nos chats para discutir um assunto específico, bater papo, fazer amigos conversar tendo com isso estabelecido algumas relações sérias que ainda se mantêm e depois passando para os blogs.
No mundo dos blogs encontramos escritores, amantes de animais, donas de casa, experts em informática, profissões liberais, web-designers e muitos jornalistas e professoras. A variedade dos temas é sempre rica: de amores e paixões à literatura, passando pelas notícias de informática e de ajudas e análise do país e do mundo. A grande vantagem é ser um território livre, onde se escreve (e publica) o que se quer.
Para mim o blog é para dividir coisas que descubro na Internet e não só, além de curiosidades do quotidiano e do dia-a-dia do mundo doido em que vivemos.
Tenho de facto conhecido muita gente de variados extractos sociais e formações académicas que muito me tem enriquecido e que vão desde uma costureira a uma jurista, de um serralheiro a uma arquitecta, de uma estudante a uma psicóloga. E o que noto em todos eles ou elas é que são carentes de variadas coisas e formas e isso é mais nítido nos chats ou nos vários mensageiros que aí proliferam onde as conversas são em tempo real.
Penso que as pessoas que procuram a Net para conversar, é porque estão carentes e solitárias e quando tem afinidades e se identificam com os amigos virtuais demonstram o que sentem como se estivessem a falar para dentro deles próprios, sendo nós como um refúgio uns dos outros.
Todos os que me conhecem melhor, sabem que eu por natureza gosto de ajudar seja no aspecto profissional, pessoal, familiar e também aqui porque não? Se tudo o que vou aprendendo tem sempre algo de alguém que também em ensinou.
Portanto… enquanto tiver alguém que me queira aturar, cá continuarei conhecendo novos amigos, adquirir conhecimentos e também tentando publicar sempre alguma coisinha.

Carta de despedida

Outubro 28, 2005

Do Centro Nacional de Pensões:Informo V. Exa. Que, no uso da competência delegada pelo Director deste Centro, o requerimento de pensão oportunamente apresentado foi DEFERIDO ao abrigo da legislação em vigor

A pensão tem início em 2005-09-01

E foi assim que terminou desta forma telegráfica a minha situação de trabalhador no activo desde Maio de 1964 a Agosto de 2005. Quarenta e dois anos de carreira contributiva a que somam mais dois anos a 100% de Serviço Militar em teatro de guerra como Tropa Especial e que hoje se chama Forças de Intervenção Rápida.
Tudo somado perfaz 44 anos de contribuições para a minha aposentação em que a fatia maior do bolo, pertence sem dúvida à minha ultima empresa www.envc.pt onde lá labutei desde 1966 até à presente data.
Não vou dizer que deixei lá amigos, direi antes, e por ser verdade, que tenho lá muitos e bons amigos desde a senhora da limpeza (D. Conceição) que lá vinha invariável todos os dias, limpar a minha secretária até ao Director de Produção (Engº Vitor Lemos).
Vi sair e entrar muita gente desde o patrão Dr. Jaime Lacerda, hoje Vice-Presidente da
www.aip.pt até ao mais humilde funcionário. Com todos eles privei sem distinções, com estima e muita consideração como camaradas que eram do mesmo barco.
Procurei contribuir sempre com os vindouros, passando-lhes alguma da minha muita experiência bem como algum do meu pouco saber.
No plano social e no tempo certo não me escusei a dar contribuição durante algumas décadas, quer no âmbito sindical ou desportivo.
Se alguma vez não consegui ser tão prestável como desejaria, também somos humanos e sujeito a falhas, mas uma coisa é certa e indesmentível, coloquei sempre os superiores interesses da empresa (a empresa somos todos nós) acima de tudo, mesmo que isso em certas alturas não fosse politicamente correcto.
Vou terminar como comecei com uma citação, desta vez minha, de um excerto de um artigo que escrevi há muito tempo na revista da responsabilidade dos trabalhadores da Roda Leme (aproveito para felicitar o seu director, Gonçalo Fagundes)
Confesso que não entendo que uma empresa que cumpriu sempre com as suas obrigações para com os trabalhadores, seja levada à barra dos tribunais por não conseguir cumprir o acordado e que se resumia a menos de meia dúzia de Euros. Foi nesta empresa que me fiz homem e cidadão e penso, que me desculpem, que isto não deveria acontecer, quem nos representa procedeu mal

Bem-haja a todos e um abraço

José da Silva Marques
Serviço de Planeamento

Há greves e greves

Outubro 26, 2005

Sinceramente e com todo o respeito, não consigo entender esta greve dos juízes. Se há greve é porque há litigio, e se com os juízes em greve, quem aplica a justiça?
A resposta a essa questão poderá ser anedótica e ser algo como: quando levantarem a greve; mas como estamos habituados a longas esperas, e se formos abastados, com a cumplicidade de advogados bem pagos, até se conseguem umas prescrições.
Se está em causa a independência da juízes, então que se levante o povo e se coloque ao lado deles numa greve geral por tempo indeterminado, pois sem a independência deles não há democracia. Será uma questão nacional a ser defendida com unhas e dentes.
Mas salvo melhor opinião, não me parece que seja isso que está em causa, mas antes, as sempre antipáticas percas de regalias, de passarem a ter “apenas” um mês de férias como toda a gente sem excepção, de passarem a ter “apenas” um sistema de apoio á saúde como tem todos os servidores do estado, incluindo o Presidente da Republica ou Primeiro MinistroTermino dizendo: isso não prestigia a justiça nem os juízes e alem de feio é lamentável

Magníficos idosos

Setembro 2, 2005

Actualmente envelhece-se mais devagar do que dantes. A Terceira Idade (fala-se já na Quarta Idade) principia aos 75 anos, o que significa ter-se ganho uma década de vida. Quem trabalha com o cérebro, como os intelectuais, sofrem menos o desgaste do tempo do que, por exemplo, os operários.
A Morte é, aliás determinada, medicamente, pela paragem do cérebro, não o do coração.

Ao contrário do que se afirma, o tempo não afecta as nossas capacidades cerebrais, apenas as torna de velocidade mais lenta. Atente-se, por exemplo, na quantidade de inventos que são concebidos por pessoas de mais de 70 anos. Na era da informática que vivemos, tanto faz. Para accionar botões ou teclas, ter 18 como 80 anos é igual.
A idade cronológica de uma pessoa não tem, por outro lado a ver com a sua idade biológica. Não detemos a mesma idade em todo o corpo, as minhas mãos, o meu baço, as minhas pernas não apresentam a mesma duração, uns órgãos são mais velhos que outros (Almerindo Lessa), gerontologista de projecção internacional.
Nos Cárpatos, nos Andes, e noutras zonas de montanha encontram-se aldeamentos com centenas de centenários. É uma questão de alimentação, de comportamentos, de genética. Nas grandes cidades começa-se a verificar o mesmo fenómeno. Em Paris, há mais de mil indivíduos com idade superior a 100 anos e ainda activos.
Em Portugal existem, segundo estatísticas, 21800 nonagenários, 16.250 mulheres e 5550 homens. Os Açores apresentam 1960 indivíduos de ambos os sexos nessa faixa etária. Com mais de meio século registam-se no país 560 mulheres e 188 homens.
Emídio Guerreiro, era o “ex-libris”, cuja imagem de revolucionário romântico e elegante encheu o imaginário de gerações, viveu em 3 séculos e faleceu com 105 anos. Encontros, almoços, projectos, entrevistas encheram a sua agenda até ao último momento.
Os idosos estão a tornar-se populações crescentemente poderosas – como força social (pelo seu número), cultural (pelos seus conhecimentos), económica (pelos seus consumos), política (pelos seus votos) interventiva (pela sua disponibilidade) e ética (pelo seu descomprometimento).
Sem nada a perder, – nem carreiras, nem cargos, nem hierarquias, nem privilégios, nem paixões – a maior parte deles encontra-se numa fase em que se pode dizer tudo, assumir tudo o que sente.
Nas sociedades do futuro, eles voltarão a ser um valor de sabedoria, de apaziguamento. Viver-se-á mais devagar nelas para se existir mais profundamente, viver-se-á mais despojado para se ser mais equitativo. O avanço que os idosos estão a conseguir é um legado, para quem o souber ver, de acrescentamento, de esperança.
Veja-se o exemplo de Mário Soares, como ele bem diz, não tem culpa de ter 80 anos. É um homem lúcido, está na posse de todas as suas faculdades. Como diz Medeiros Ferreira – Não conheço mais ninguém em Portugal que tenha intervindo tanto, escrito tanto, e organizado tanto como Mário Soares nestes últimos anos.

E tudo isto, tendo por base num artigo de Fernando Dacosta, para dizer que eu sou também a partir de hoje mais um aposentado. Será que, por ser idoso, já não se tem valor neste país?